quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Filho de baleado no Centro viu corpo, mas só soube que era do pai pela web


O filho de Elivaldo Angelino Ribeiro, de 44 anos, morto com um tiro na testa, na manhã desta quarta-feira, depois de uma tentativa de assalto, na Avenida Francisco Bicalho, no Centro do Rio, contou que chegou a passar pelo corpo do pai quando estava indo para o trabalho, mas não o reconheceu. Cleiton Nascimento, de 19 anos, e Elivaldo trabalhavam juntos em uma construção na Lagoa, na Zona Sul do Rio. O jovem disse ainda que os dois costumavam ir juntos para o trabalho, mas, nesta manhã, como Cleiton acordou mais tarde, pegou o ônibus horas depois.
- Sempre vínhamos juntos. Meu pai era um cara trabalhador, estava de pé todo dia às 5h. Hoje, eu acordei mais tarde e não estava com ele. Passei pelo corpo, cheguei a ver os pés dele, mas não sabia que era o meu pai - contou Cleiton, emocionado.

Elivaldo foi atingido por uma bala perdida quando atravessava a rua. Ao lado do corpo, foi encontrada a marmita que ele carregava na mochila. Cleiton soube da morte do pai pela internet, depois que seu patrão o liberou do expediente. Segundo o rapaz, assim que chegou no trabalho, ele perguntou pelo pai, mas foi informado de que Elivaldo não estava. Logo depois, o responsável pela obra o dispensou, dizendo para ele ir para casa porque algo tinha acontecido com seu pai.
- Eu cheguei lá na obra e nada dele chegar. Estranhei porque eu sai de casa depois e ninguém queria falar comigo. A gente pegava todo dia esse trânsito junto. Dói muito perder um pai assim - disse Cleiton.

O jovem falou que toda a família está em estado de choque com o ocorrido. Elivaldo era divorciado e morava sozinho em Santíssimo, na Zona Oeste do Rio. Cleiton mora no mesmo bairro com sua mãe. Um irmão mais velho estava em São Paulo e virá para o enterro, que ainda não está marcado.
Na porta do Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, Cleiton criticou a atitude do policial em reagir ao assalto. Ele disse que ainda é cedo para pensar em alguma ação contra o Estado.
- Está todo mundo chorando a morte do meu pai. Ele morreu por causa de uma moto, por causa de uma moto. A reação do policial tirou a vida do meu pai. Não sei de quem veio a bala - afirmou o garoto.
Dois PMs baleados

Além de Elivaldo, a tentativa de assalto deixou outros dois policiais militares baleados. O PM do Batalhão de Choque (BPChq), sargento Divaldo Rodrigues de Oliveira ficou ferido na barriga. Já o suboficial do 9º BPM (Rocha Miranda) Paulo Araújo da Silva, que passava pelo local num Celta cinza, foi baleado na cabeça. Segundo a Polícia Militar, os dois estão em estado estável e internados no Hospital Central da corporação, no Estácio, Zona Norte da cidade. Em menos de 24 horas, foram seis policiais militares baleados no Rio.

Segundo informações do 4º BPM (São Cristóvão), dois ocupantes de uma moto anunciaram o roubo ao PM do BPChq, na descida da Linha Vermelha para a Avenida Francisco Bicalho. O policial reagiu. Houve tiroteio, que se estendeu por alguns metros, até a Avenida Francisco Bicalho, no trecho em frente ao Instituto Médico-Legal (IML). Comerciantes da região dizem ter ouvido mais de vinte disparos.

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